Breve histórico da natação feminina brasileira



A natação entrou para as Olímpiadas na primeira edição da Era Moderna em 1896, na cidade de Atenas – Grécia. O Brasil participou dos Jogos Olímpicos de Antuérpia em 1920.

A natação chegou ao Brasil em 1897, e a primeira competição realizada no país foi em 1898, onde os atletas nadaram uma distância de 1500 metros entre a Fortaleza de Villegaignon e a praia de Santa Luzia, localizada no Rio de Janeiro. As disputas aconteciam no mar até por volta da década de 30, quando mudou-se para as piscinas em ambientes fechados. Já em campeonatos sul-americanos, a primeira participação feminina ocorreu três anos depois em 1935.

As Participações Femininas

A primeira participação feminina do Brasil em Jogos Olímpicos aconteceu em 1932, nas olimpíadas de Los Angeles, com Maria Lenk, única mulher na delegação brasileira e a primeira a nadar no estilo borboleta. No auge da sua carreira em 1939, Lenk bateu dois recordes mundiais no nado peito e tinha tudo para ser a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica nas edições olímpicas de 1940 e 1944 que foram canceladas por conta da Segunda Guerra Mundial. Maria Lenk nadou durante toda sua vida, falecendo aos 92 anos.

A carioca Piedade Coutinho Azevedo que participou de 03 olimpíadas, 1936, 1948 e 1952, chegando a sua primeira final olímpica nos 400m livre ficando a pouco mais de seis segundos da medalha de bronze nos Jogos de Berlim, terminando em quinto lugar, em 1936.

Em 1939, foi o ano dos primeiros recordes mundiais da natação feminina. Na primeira edição dos Jogos Pan-Americanos em Buenos Aires em 1951, foram conquistadas as primeiras medalhas da natação feminina na competição, Piedade Coutinho levou o bronze nos 400m livre e ao lado de Talita Rodrigues, Idamis Busin e Ana Lúcia Santa Rita com o Revezamento 4x100m livre.

Após as Olimpíadas de Helsinque em 1952, o Brasil só voltou a ter atletas nas Olimpíadas em 1972, com o trio Lucy Burle, Maria Isabel Guerra e Cristina Teixeira que disputaram os Jogos de Munique, mas nenhuma delas conseguiram passar das eliminatórias. Em 1973, no primeiro Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos em Belgrado, o Brasil participou da competição com 08 atletas feminina e bateram quatro recordes sul-americanos durante a competição. Com Maria Elisa Guimarães, a primeira nadadora do país a nadar os 100m livre abaixo de um minuto, era versátil e chegou a ser recordista continental dos 100m aos 800m livre. Em Belgrado superou o recorde dos 800m, e na passagem da prova estabeleceu recorde sul-americano dos 500m livre. Na época a distância era reconhecida pela CONSANAT. Lucy Maurity Burle conseguiu o recorde dos 100m livre e as duas nadadoras ao lado de Rosemary Ribeiro e Jaqueline Mross, somaram forças e superaram a marca continental do 4x100m livre.

No Mundial realizado na cidade de Cali – Colômbia, em 1975 a nadadora Flávia Nadalutti não chegou à final nos 400m medley, mas teve o melhor desempenho de uma brasileira até hoje na história da prova, seu recorde sul-americano de 5min02s85 durou por quase 20 anos. Desde a primeira vez que superou o recorde continental da prova em 1974, Flávia baixou sua marca em mais de 20 segundos. 

Em Madri 1986, Patrícia Amorim foi a melhor nadadora brasileira da década, com seu recorde sul-americano nos 800m livre, o único obtido pelo Brasil na competição. Uma curiosidade, sua irmã Paula nadou provas de borboleta e juntas, formaram a única dupla de irmãs que representou o país em Mundiais.

Em 1996, nas Olimpíadas de Atlanta, o Brasil enviou apenas uma nadadora para a competição Gabrielle Rose que atingiu a final B dos 100m borboleta superando o recorde sul-americanos nas eliminatórias e terminando na 14ª colocação geral.

No Mundial da Perth / Austrália, em 1998, teve como destaque a nadadora Fabiola Molina que alcançou a final B dos 100m costas ficando em 11º colocação.

Em 2001, ocorreu a primeira final da natação feminina do Brasil em Mundiais com a baiana Nayara Ribeiro, na época com apenas 17 anos, nos 1500m livre. A prova dos 1500m livre feminino estreou neste mundial e Nayara que nunca tinha nadado em um campeonato brasileiro absoluto nessa prova conseguiu se classificar para a final desta categoria. Nayara bateu o recorde sul-americano de Patrícia Amorim de mais de uma década e terminou a final em oitavo lugar.

Nas Olimpíadas de Atenas 2004, a nadadora Joanna Maranhão teve o melhor desempenho conquistando o quinto lugar nos 400m medley. Ela também integrou o revezamento 4x200m livre ao lado de Paula Baracho, Monique Ferreira e Mariana Brochado que ficou em sétimo e Flávia Delaroli participou dos 50m livre, terminando em oitavo lugar.

Em 2006, a atleta Poliana Okimoto começa a escrever sua trajetória nas águas abertas com duas medalhas de prata no Mundial de Nápoles - Itália na modalidade dos 5 km e 10 km. Na prova dos 10 km Poliana teve o tímpano rompido após um choque logo no começo da prova e seguiu em frente para o inédito pódio.

Em 2007, nos Jogos Pan-Americanos do Rio - Brasil aconteceu a primeira edição das águas abertas e Poliana Okimoto levou a prata nos 10 km em plena Praia de Copacabana. Ana Marcela Cunha também nadou a prova terminando em sétimo lugar. Nas piscinas Rebeca Gusmão ficou com ouro nos 50m livre e depois nos 100m livre estabeleceu novo recorde sul-americano, Flávia Delaroli terminou em terceiro lugar no 50m livre e segundo lugar nos 100m livre, Monique Ferreira ficou em terceiro lugar nos 200m livre, Fabiola Molina segundo lugar nos 100m costas, Gabriella Silva terminou em terceiro nos 100m borboleta, Daiane Dias terminou em terceiro nos 200m borboleta e no revezamento 4x200 medley feminino, formado por Tatiana Barbosa, Monique Ferreira, Manuella Lyrio, Paula Baracho e Joanna Maranhão, levou o bronze.

No Mundial de Melboume em 2007, Fabiola Molina chegou a uma semifinal nos 50m costas e quebrou os recordes sul-americanos dos 50 e 100 costas. Poliana Okimoto terminou em sexto lugar nos 5 km.

Já em 2009, na cidade de Roma – Itália, a natação feminina teve a primeira medalha em Campeonatos Mundiais de Esportes Aquáticos da FINA, com Poliana Okimoto na prova de 5 km da maratona aquática ficando em terceiro lugar. Essa medalha foi a primeira do país naquele Mundial e encerrou um jejum de 15 anos do Brasil sem ir ao pódio em Mundiais. Na piscina, Gabriella Silva terminou em quinto lugar nos 100m borboleta, mesmo tendo tido uma infecção estomacal no dia anterior brigou por medalhas até o fim, perdendo o bronze por somente oito centésimos. Gabriella bateu o recorde das Américas na prova, algo raríssimo para nadadores do país, e é até hoje o melhor desempenho de uma nadadora brasileira em uma prova olímpica na história da competição. Ela também ajudou o Brasil a alcançar uma final inédita no 4x100m medley feminino, ao lado de Fabiola Molina, Carolina Mussi e Tatiana Lemos, deixando de fora da final a fortíssima equipe dos Estados Unidos.

Em Xangai 2011, Ana Marcela Cunha conquista a primeira medalha de ouro da natação feminina em Mundiais de Esportes Aquáticos. A brasileira venceu a prova dos 25 km dando a volta por cima dias depois de não conseguir se classificar para os Jogos Olímpicos de Londres.

No Mundial de Barcelona em 2013, Poliana Okimoto conquistou o ouro nos 10 km, prata nos 5 km e bronze na prova por equipes, tornou-se a primeira atleta brasileira, entre homens e mulheres, a conquistar três medalhas em uma única edição. Ana Marcela também conquistou medalha de prata nos 10 km, bronze nos 5 km e quinto lugar nos 25km. Foi a melhor participação feminina do Brasil em Mundiais de Esportes Aquáticos.

Poliana Okimoto foi eleita no fim de 2013 a melhor nadadora de águas abertas do mundo pela FINA e a melhor atleta brasileira de todos os esportes no Prêmio Brasil Olímpico do COB.

Na piscina, Manuella Lyrio bateu um novo recorde sul-americano nos 200m livre e Etiene Medeiros conquistou o quarto lugar nos 50m costas. Neste ano aconteceram as aposentadorias de Flávia Delaroli, Tatiana Lemos e Fabiola Molina.

Em 2014, no Mundial de natação realizado na cidade de Doha - Catar, com uma conquista histórica de Etiene Medeiros se tornou a primeira nadadora brasileira medalhista em mundiais. Ela venceu brilhantemente conquistando o ouro e batendo o recorde mundial dos 50m costas. A marca da brasileira vigorou por mais seis anos e ela ainda ganhou medalhas com o revezamento 4x50m medley misto (ouro) e 4x50m livre misto (bronze), ao lado de Larissa Oliveira. Daiane Becker e Alessandra Marchioro foram reservas respectivamente no 4x50m medley e 4x50m livre e também ganharam medalhas.

Nos Jogos Pan-Americanos de 2015, veio a primeira medalha de ouro feminina com Etiene Medeiros vencendo os 100m costas e batendo o recorde sul-americano rompendo a casa abaixo de um minuto pela primeira vez, também ficou com a prata nos 50m livre.  Joana maranhão ficou com bronze nos 200m borboleta e bronze nos 400m medley, Manuella Lyrio ficou com bronze nos 200m livre e a atleta Daynara Ferreira Paula terminou em quarto lugar nos 100m borboleta.

No Mundial de Kazan 2015, a atleta Ana Marcela Cunha conquistou a medalha de ouro nos 25 km na maratonas aquáticas e bronze nos 10km. Nas piscinas Etiene Medeiros ficou com a prata nos 50m costas, já no revezamento 4x200m livre a equipe feminina ficou com a prata e no 4x100m livre e 4x100m medley conquistou o bronze. Nesta competição a equipe feminina bateu dois recordes sul-americanos no 4x100m e 4x200m livre, totalizando 08 medalhas.

Nas Olimpíadas do Rio em 2016, após 84 anos a natação feminina finalmente conquistou um lugar no pódio olímpico com Poliana Okimoto ficando com o bronze em uma chegada dramática dos 10 km. Nas piscinas Etiene Medeiros chega a sua primeira final olímpica terminando a competição em oitavo nos 50m costas.

Em 2017, no Mundial em Budapeste, Etiene Medeiros foi campeã mundial nos 50m costas em piscina longa, unificando seus títulos mundiais, tornando-se a primeira brasileira campeã de natação em um Mundial dos cinco esportes da Federação Internacional. Na maratona aquática nos 25km, Ana Marcela Cunha ficou com o ouro e tornou-se a primeira brasileira tricampeã mundial. Ana Marcela ainda ficou com o bronze nos 10km e nos 5km.

Em Hangzhou 2018, pela primeira vez as brasileiras conquistam duas medalhas em provas individuais no Mundial de piscina curta. Etiene Medeiros ficou com bronze nos 50m livre e Daiane Dias também levou o bronze nos 100m borboleta, ambas batendo o recorde sul-americano.

No Mundial de Gwangju em 2019, Ana Marcela teve mais uma excelente participação conquistando duas medalhas de ouro nos 5km e 25km, tornando-se a maior medalhista em provas de águas abertas no Campeonato Mundial da FINA. Na piscina, Etiene Medeiros ficou com a prata nos 50m costas.

Nos Jogos Pan-Americanos em Lima 2019, nas piscinas, Etiene Medeiros conquistou o ouro nos 50m livre e bronze nos 100m costas, Larissa Oliveira ficou com o bronze nos 100 e 200m livre, a atleta Viviane Jungblut ficou com bronze nos 800m livre. No revezamento 4x100m livre ficou com a prata e no revezamento 4x200m livre ficou com o bronze, também foi bronze no revezamento 4x100m medley. Na maratona aquática Ana Marcela ficou com o ouro e Viviane Jungblut com o bronze nos 10km.

E para representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio 2020(21) teremos as seguintes atletas: Etiene Medeiros nos 50m livre, Beatriz Dizotti nos 1500m livre, Viviane Jungblut nos 1500m livre, 4x100m livre (Larissa Oliveira, Ana Vieira, Etiene Medeiros e Stephanie Balduccini), 4x200m livre (Larissa Oliveira, Aline Rodrigues, Nathalia Almeida, Gabrielle Roncatto), e Giovanna Diamante participará do 4x100m medley misto. Na maratona aquática temos a Ana Marcela Cunha nos 10km.

Confira abaixo um Resumo das conquistas brasileiras em mundiais e Jogos Olímpicos

Roma 2009 – Bronze – 5 km feminino – Poliana Okimoto

Xangai 2011 – Ouro – 25km feminino – Ana Marcela Cunha

Barcelona 2013 – Ouro – 10km - Poliana Okimoto

Barcelona 2013 – Prata - – 5km— Poliana Okimoto

Barcelona 2013 – Prata – 10 km— Ana Marcela Cunha

Barcelona 2013 – Bronze– 5km– Ana Marcela

Kazan 2015 - Ouro - 25km- Ana Marcela Cunha

Kazan 2015 – Prata– 50m costas– Etiene Medeiros

Kazan 2015 - Bronze– 10km– Ana Marcela Cunha

Rio de janeiro – Bronze – 10km – Poliana Okimoto (Olimpíadas)

Budapeste 2017 – Ouro - 25 km- Ana Marcela Cunha

Budapeste 2017 - Ouro - 50m costas - Etiene Medeiros

Budapeste 2017 – Bronze - 10km- Ana Marcela Cunha

Budapeste 2017 – Bronze - 5km- Ana Marcela Cunha

Gwangju 2019 – Ouro – 5km – Ana Marcela Cunha

Gwangju 2019 – Ouro – 25km – Ana Marcela Cunha

Gwangju 2019 – Prata – 50m costas – Etiene Medeiros


Fonte: CBDA, Swimchannel, Bestswimming.swimchannel


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Comentários

  1. Maravilha saber que as nadadoras brasileiras tem feito pelo esporte. Pena que não seja divulgado da forma merecida.

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