O eSports ou esporte eletrônicos ou digital vem ganhando espaço a cada dia entre as mulheres, mas como todo esporte, a participação feminina começa bem mais tarde e na maioria das vezes carregada de luta e muita determinação para mostrar que também é capaz e pode participar de qualquer atividade, seja ela qual for.
Apesar de todo preconceito, as ligas femininas tem sido a
grande mudança deste cenário, através da realização de torneios exclusivos.
O eSports atualmente está se tornando um mercado cada vez
mais atrativo para as diversas empresas e equipes, incluindo Clubes de futebol
tradicionais, como Chapecoense, Flamengo, Corinthians, Santos, Cruzeiro e o mais recente, Galícia
já estão nos esportes eletrônicos. Não apenas os clubes, mas outras grandes
companhias já têm enxergado o potencial deste mercado como Intel, Coca-Cola,
RedBull, Netshoes, Submarino, Kalunga, BMW, Unilever, Lupo e Vivo. Porém, ainda
há muito o que ser explorado.
Nos EUA, por exemplo, há uma bolsa de valores apenas para
empresas de tecnologia, a NASDAQ. Nessa destacam-se cada vez mais empresas
voltadas para o universo gamer, sejam produtoras de jogos (como a Activision
Blizzard e a gigante Eletronic Arts), sejam fabricantes de hardwares (como
Cisco, Intel e NVIDIA) cada vez mais potentes, leves e rápidos para poder
processar os jogos online da melhor forma possível.
E o que é eSports?
Nada mais é do que competições organizadas de jogos
eletrônicos, envolvendo equipes ou jogadores individuais.
O termo eSports significa esportes eletrônicos. E para
acontecer precisa de quatro bases: os jogadores, as empresas de games
eletrônicos, as ligas e as plataformas de streaming.
eSports Feminino
Por não precisar de contato físico os jogos eletrônicos são
perfeitos para todas as idades e gêneros sem nenhuma discriminação. Bom, mas
não é isso que acontece na realidade e as meninas e mulheres que participam das
competições sabem muito bem disso.
Segundo a colunista do ESPN Esports Evelynn Mackus, “Quem
vive na comunidade gamer sabe bem o inferno que é ser mulher nela,
especialmente no ambiente multiplayer. É cotidiano esconder o nick ou a voz
para não sofrer ofensas machistas, boicotes ou ameaças em partidas casuais e
ranqueadas. Um espaço que tem a premissa de ser seguro e divertido acaba se
tornando um pesadelo quando você tem o gênero diferente da maioria.”
Por conta disso, um esporte que deveria ser inclusivo a
todos termina criando barreiras e afastando as mulheres do eSports.
Para ajudar a amenizar esses conflitos e também incentivar
outras meninas a participarem dos games foram criadas as ligas femininas. Um
espaço seguro que preparam as mulheres de qualquer rank em qualquer jogo para
ser apresentada ao eSport. “As
ligas femininas preparam mulheres para que elas superem os obstáculos e
cheguem, apesar do caminho diferente, aos mesmos espaços que as pessoas que não
tiveram as mesmas dificuldades.” Diz Evelyn
As diferenças
salariais e as premiações fazem com que as mulheres fiquem desmotivadas em
continuar neste sonho. Além disso, os melhores times do Brasil nem sempre
aceita treinar com times feminino. Evelyn acredita que para o eSports feminino
crescer e ter mais mulheres participando precisa ter “boas premiações, para que
as organizações e marcas cresçam os olhos e ofereçam bons salários e condições
para que as mulheres se desenvolvam profissionalmente e cheguem ao nível
dos jogadores profissionais homens.”
eSports no Brasil
O Brasil é, definitivamente, um país de apaixonados
por games. Atualmente o Brasil é a terceira maior audiência de eSports no
mundo, atrás só da China e dos Estados unidos.
Uma pesquisa da Comscore divulgada em julho do ano
passado revelou que a população digital brasileira é composta por,
aproximadamente, 120 milhões de internautas. Destes, 84 milhões – ou
quase 70% – são adeptos dos jogos eletrônicos, o que confere à
categoria a 13ª colocação entre as 29 que fazem parte do levantamento. No que
diz respeito às horas gastas por mês em cada uma delas, os jogos online
aparecem no top 5, atrás apenas das mídias sociais, diversos, entretenimento e
serviços, com quase 10 horas. Essa média dá ao país o 5º lugar no ranking
mundial, superado apenas por Estados Unidos (19h58), Canadá (13h17), Reino
Unido (12h16) e Espanha (11h06).
No Brasil, a demanda só cresce. As competições de jogos
eletrônicos não conhecem fronteiras e graças a internet são transmitidas para
uma legião de fãs ao redor do mundo. A Industria estima movimentar
até o ano de 2022 a soma de 3 bilhões de dólares. Segundo entidades
ligadas ao setor, em 2019, no mundo todo, o número de espectadores de
campeonatos de jogos eletrônicos foi de 453,8 milhões, crescimento de 16,3% em
um ano. Números gigantescos de um setor que disputa atenção junto aos
demais esportes tradicionais, exigindo de seus atletas o mesmo nível de treino
e comprometimento.
Os times femininos de
eSports no Brasil
Os principais times de destaque no cenário nacional atualmente
são:
FURY (Rainbow Six)
Black Dragons (Rainbow Six)
FURIA (CS:GO)
Rebirth (CS:GO)
INTZ (Valorant)
As 10 melhores representantes
do eSports Brasileiro
No contexto brasileiro, Julia Akemi foi a primeira Pro Player
(Jogadora Profissional) a participar de um campeonato de League of Legends
(LoL). Ela estreou em 2017 no time Clube Profissional de Esportes Eletronicos
(CNB) na SuperLiga de LoL, 6 anos após início da cena competitiva brasileira de
LoL em 2011. Quanto ao contexto de vitorias nos eSports, existem mais Pro Players
femininas no gênero FPS como CS e CS:GO. O primeiro time feminino brasileiro a
participar neste cenário foi o Ladies.AMD, em 2004, que conquistou o 2º lugar
no Electronic Sports World Cup.
Conheça outras representantes femininas do mercado
brasileiro de games atualmente:
Amanda “Amd” Abreu é jogadora profissional pela Havan
Liberty
Bárbara “Babi” Passos, LOUD
Bruna “Bizinha” Marvila, jogadora de Counter-Strike
Nicolle "Cherrygumms" Merhy ex-jogadora e atualmente
CEO Black Dragons e-Sports
Carolina Voltan - Influencer, youtuber, streamer e player
da LOUD
Bruna Soares, diretora da Ubisoft
Roberta Coelho, CEO da Game XP
Erika Caramello, CEO da Dyxel Game Publisher – fundou um dos
primeiros estúdios de jogos do país o 8D Games e é doutora em games
Ari Parra, criou, em 2014, Women Up Games
Fernanda Lobão, criou, ao lado do youtuber Felipe Neto, do
ex-executivo da Globo João Pedro Paes Leme, e da Go4it Capital, fundada por
Marc Lemann, filho de Jorge Paulo Lemann, e Cesar Villares, uma das maiores
plataformas de entretenimento gamer do país. Batizado de Final Level, o serviço
se posicionou como o ponto de encontro da comunidade gamer em um único lugar:
as redes sociais.
Atualmente, a Final Level está construindo uma nova casa
Gameland, desta vez em São Paulo, para abrigar seus creators e agregar mais
conteúdo à plataforma. O primeiro foi no Rio de Janeiro.
Iniciativas ajudam na
inclusão de mulheres ao eSports
Ações lideradas por outras mulheres que já desbravaram os
caminhos das pedras conquistando um lugar ao sol, estão abrindo agora caminhos
para que outras mulheres também participem desta modalidade de jogos eletrônicos.
“O impacto gerado por coletivos e ações que lutam por
inclusão e combatem a desigualdade de gênero no meio gamer”, contribuiu para o
crescimento no número de mulheres atuando nos esportes eletrônicos, e devido as
desigualdades foram criadas as ligas femininas que visam a inclusão e não
exclusão como muitos pensam, as ligas são para dá visibilidade as mulheres que
não conseguem ter nos grandes torneios, mesmo esses torneios sendo mistos, além
de afastar as mulheres de comportamentos tóxicos que muitos homens tem dentro
do eSports.
“Layze "Lahgolas", a primeira caster mulher preta
contratada pela Riot Games, é exemplo de como é necessário que se invista em
espaços seguros e em oportunidades para que mais mulheres participem do cenário
- seja como casters, jogadoras, streamers ou qualquer outra profissão. Lahgolas
foi acolhida pela Wakanda Streamers e teve junto à Sakuras uma oportunidade de
se lançar no mercado.”
As iniciativas
A Sakuras
eSports - organização que visa aumentar a visibilidade para as
mulheres no cenário dos esportes eletrônicos promovendo uma plataforma para
competidoras e criadoras de conteúdo. É um trabalho que gira em torno de
campeonatos femininos, divulgação de streamings e conteúdo produzido por
mulheres.
Em seu site oficial, a Sakuras afirma lutar "pela
representatividade feminina dentro dos games e organizações por meio da criação
de conteúdo, textos opinativos e jornalísticos e lançamento de debates nas
redes sociais". No portal, também é possível encontrar links para
campeonatos de TFT, Valorant e League of Legends, além do Discord da
organização.
O Projeto Valkirias visa
treinar e preparar mulheres para o cenário competitivo dos eSports de forma
gratuita, contando com times competitivos e promovendo campeonatos. A
iniciativa foi criada por Pamela Mosquer, streamer e atual talent manager da
Vivo Keyd. Nas duas primeiras semanas do projeto, iniciado em agosto de 2020,
mais de trezentas jogadoras se inscreveram para serem treinadas pelas
Valkirias, que hoje conta com Thaís "Nihil", Júlia
"jujurax" e outras em seu rol de coaches.
O projeto tem como principal promoção atualmente o
torneio Valkirias, de PUBG Mobile.
O You Go Girls é
um site criado por Nayara Dornelas, publicitária e caster de Valorant, voltado
para promover a igualdade de gênero no cenário por meio de entrevistas,
notícias, inspirações, campeonatos, partidas promocionais e outras ações que
tragam visibilidade para jogadoras, streamers e criadoras de conteúdo. Desde
2018, o portal se tornou um diretório de gamers mulheres, casuais ou
competitivas, que correspondem por 53% da comunidade no Brasil, segundo a
Pesquisa Game Brasil (PGB) de 2020.
O site ainda conta com duas iniciativas de destaque: o
podcast Minas no Controle, feito em parceria com o coletivo Rexpeita Elas;
e o Her Voice Gaming, também encabeçado por Nayara Dorneles, que tem como
objetivo criar oportunidades para mulheres que buscam se tornar casters de
eSports.
O Rexpeita Elas é
uma comunidade gamer que oferece espaço seguro para mulheres jogarem e
participarem de streamings, sem se preocupar com o comportamento tóxico
machista já observado e evidenciado na comunidade em geral. Criado em 2013 por
Júlia "Junai", a comunidade começou como um grupo no Facebook voltado
para jogadoras de League of Legends e hoje procura impulsionar jogadoras e
criadoras de conteúdo por meio das redes sociais e pelo podcast Minas no
Controle, em parceria com o You Go Girls.
Projeto Fierce e
Wakanda Streamers - Apesar de não serem iniciativas focadas em promover -
prioritariamente - visibilidade à mulheres, e sim à comunidade LGBTQIA+ e
comunidade preta, respectivamente, o Projeto Fierce e o
coletivo Wakanda Streamers estão engajados na luta pela igualdade de
gênero dentro dos eSports. As iniciativas já levantaram bandeiras importantes, promovendo
visibilidade a outros grupos marginalizados dentro do cenário.
Associação Feminina
Gaming Brasil (AFGB) é uma ação afirmativa que busca dar respaldo jurídico
à mulheres vítimas de violência sexual, abuso e outras formas de machismo
dentro da comunidade gamer. Ainda tem como trabalho oferecer assistência
psicológica e promover oportunidade para mulheres que queiram agir
juridicamente nessas causas, trazendo visibilidade para a comunidade gamer
feminina. A ação foi uma das respostas à onda de exposed de comportamentos
tóxicos e criminosos por parte de grandes jogadores e criadores de conteúdo no
início de 2021.
Sua idealizadora é Daniela "Cherna", atleta de
Rainbow Six Siege, em parceria com seu assessor Thiago Carvalho.
Os Campeonatos
Apesar do isolamento social por conta da pandemia do
COVID-19, os eventos do eSports seguem firmes. E este ano o calendário está
cheio de torneios.
A Valorant Game
Changers é uma iniciativa da Riot Games para promover visibilidade e
oportunidade femininas dentro do FPS tático da desenvolvedora, incluindo mais
mulheres no Valorant Champions Tour, o competitivo oficial do jogo. A
iniciativa no Brasil promete vinte campeonatos femininos de Valorant ao longo
de 2021, injetando R$ 460 mil em premiações, divididas em torneios
independentes, qualificatórias abertas e eventos principais do Game Changers.
A ação ainda conta com a VCT Game Changers Academy, que
focará em torneios mensais para quem quer entrar no cenário competitivo,
criando categorias de base e times semiprofissionais femininos, dando uma
primeira oportunidade para quem visa uma carreira no Valorant. A organização
desses torneios será feita em parceria com a Galorant, comunidade internacional
de Valorant criada também com o intuito de trazer visibilidade para mulheres no
FPS da Riot.
O Circuito
Feminino 2021 de Rainbow Six Siege é organizado pela Ubisoft Brasil
terá premiação recorde de R$ 300 mil, além de ser disputado em novo formato. O
time campeão ganhará R$ 50 mil, além dos valores somados ao longo das fases.
Agora com um calendário de maior fôlego, o torneio ocorrerá entre março e novembro
- sendo cinco etapas classificatórias e a fase final. A grande decisão será em
7 de novembro.
Clash Royale terá a disputa da Batalha das Valquírias, torneio feminino do MOBA para celular com
premiação total de R$ 10 mil. Serão duas etapas classificatórias na primeira
metade de março, com o evento principal sendo realizado no final do mês. O
torneio é organizado por mulheres do próprio cenário, tendo como embaixadora a
jogadora e também streamer Giulia "Nyangiu".
A Confederação Brasileira do Desporto Universitário - CBDU também
aderiu a esta nova modalidade de competição. Este ano o JUBs eSports as
disputas acontecem de forma híbrida; com a fase classificatória online – de 1º
a 28 de março, e as semifinais e finais presenciais – de 26 a 29 de abril, em
Brasília – DF. Na fase classificatória online participaram 1.058 atletas, sendo
83 mulheres e 975 homens. Isso mostrar quanto as mulheres ainda são poucas nas
competições de eSports.
Outros eventos que
acontecerá este ano:
COUNTER STRIKE:
GLOBAL OFFENSIVE
ESL Pro League Season 13 no período de 10 de março à 18 de
abril
BLAST Premier Spring Showdown 2021 no período de 13 de abril
à 18 de abril
DreamHack Masters Summer 2021 no período de 03 de junho à 13
de junho
BLAST Premier Spring Finals 2021 no período de 15 de junho à
20 de junho
DOTA 2
Major 1 no período de 25 de março à 4 de abril
Ligas Regionais Season 2 no
período de 13 de abril à 23 de maio
Major 2 no período de 2 de junho à 13 de junho
EFOOTBALL PES 2021
eFootball.Open Qualifier 6
no período de 22 de março à 11 de abril
eFootball.Open Qualifier 7 no
período de 5 de abril à 25 de abril
eFootball.Open Qualifier 8
no período de 19 de abril à 9 de maio
eFootball.Open Qualifier 9 no
período de 3 de maio à 23 de maio
FIFA 21
FGS SA Qualifier 5 Finals no
período de 17 de abril à 18 de abril
FÓRMULA 1
GP dos Estados Unidos - Playstation 4 no dia 27 de abril; Xbox
One no dia 28 de abril; PC no dia 29 de abril
GP de Abu Dhabi - Playstation
4 no dia 27 de abril 28 de
abril 29 de abril
LEAGUE OF LEGENDS
(LoL)
CBLoL 2021 - 1º Split período de 16 de janeiro à 18 de abril
LCS - 1º Split período de 16 de janeiro à 18 de abril
CB Academy 2021 - 1º Split período de 19 de janeiro à 17 de
abril
OVERWATCH
Overwatch League que estar previsto para este mês de abril
VALORANT
Valorant Champions – período de 29 de novembro à 12 de
dezembro
eSports na Bahia
A Entidade representativa aqui na Bahia é a Federação do
Estado da Bahia de Esportes Eletrônicos - FEBAEE reconhecida pela CBGE –
Confederação Brasileira de Games e Esports
Marcador: eSports femme
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