Trajetória do Esporte Feminino – Parte 1: Inclusão das Mulheres no Esporte


Para inaugurar nosso blog e em comemoração ao mês da mulher, escolhermos como tema de abertura a trajetória do esporte feminino no mundo até chegarmos aqui na Bahia. Este tema foi dividido em três partes. Nesta primeira parte iremos abordar a história da inclusão das mulheres no esporte. A segunda parte será: Lutas e Heroínas e a terceira parte contaremos sobre: Relação de gênero e diferença salarial.

Então vamos lá!

Todos os dias, as mulheres no mundo enfrentam algum tipo de preconceito, enquanto mostram “ao mundo” que são capazes sim de fazer qualquer coisa, e no esporte isto não é diferente.

Quem aí nunca escutou, “futebol não é coisa de mulher”, ou “isso é esporte de homem”. E quem acredita que isso é do século passado, estão enganados, é bem atual ainda. Então, quem ainda acha isso precisa tirar a faixa do preconceito do olho e jogar no lixo. Porque a cada dia elas estão aí provando que podem sim fazer qualquer coisa.

A Inclusão das Mulheres no Esporte

Não podemos contar a história da inclusão das mulheres no esporte sem primeiro contar um pouco sobre a história do esporte.

No mundo Grego, com exceção de Esparta, as mulheres, principalmente casada não tinha direito a praticar nem assistir as competições.

Idade antiga

“História Antiga ou Idade antiga, período em que surgiu a escrita (há 4.000 a.C.) e a queda do Império Romano (476 d.C.). A época é marcada pelo desenvolvimento das primeiras grandes civilizações como a egípcia, mesopotâmica, romana e outras”

Foi provavelmente na era de ouro dos gregos que o esporte se desenvolveu. O esporte tinha como objetivo o culto ao corpo, a perfeição corporal. Os jogos possuíam caráter religioso, político e esportivo. Eram realizados em honra aos deuses, principalmente o deus Zeus.

As Olimpíadas Antigas foram uma série de competições atléticas disputadas por atletas das cidades-estados que formavam a Grécia Antiga. De acordo com registros analisados por historiadores, os Jogos Olímpicos surgiram no ano de 776 a.C. na cidade de Olímpia (região sudoeste da Grécia). Estes jogos foram celebrados até o ano de 393.

Assim como acontece nos dias de hoje, os jogos ocorriam de quatro em quatro anos. Na época da realização do evento esportivo ocorria uma trégua nas guerras e conflitos. A conhecida "paz olímpica" servia para garantir segurança para os atletas que tinham que se deslocar de suas cidades-estados até Olímpia considerada sagrada. O local, inicialmente, tinha templos dedicados a Hera e, mais tarde, também a Zeus, a maior divindade da Grécia Antiga.

Nesta época os atletas disputavam várias modalidades como, por exemplo, arremesso de disco, corrida, natação, pentatlo, boxe, luta, salto à distância entre outros.

Eram proibidos de competir os estrangeiros, chamados de bárbaros, os escravos e as mulheres.

A volta dos Jogos

Em 1896, os Jogos ressurgiram, graças aos esforços de um jovem aristocrata francês Pierre de Frédy (1863-1937), conhecido também como Barão de Coubertin. Ele foi responsável por resgatar e reabilitar as Olimpíadas na contemporaneidade colocando no papel os ideais do Olimpismo como um estilo de vida associado ao esporte, à cultura e à educação. Apesar disso, não via com bons olhos a presença de esportes coletivos na programação e era contra a participação de mulheres como atletas nas competições.

A primeira vez que as mulheres foram aceitas como atletas nos Jogos Olímpicos foi em Paris -1900, e em apenas duas modalidades: tênis e golfe. Foi um desgosto para o Barão de Coubertin, que era contra a presença delas e disse uma frase que ficou famosa: “É indecente ver mulheres torcendo-se no exercício físico do esporte”.

Apesar de ser contra a participação de mulheres, o Barão de Coubertin via com bons olhos a integração racial que poderia ser provocada pelos Jogos Olímpicos. Em Saint Louis, pela primeira vez, negros participaram da Olimpíada.

As Espartanas

Talvez as primeiras esportistas femininas no mundo tenha sido as mulheres espartanas.

Os espartanos acreditavam que a mulher deveria ser fisicamente preparada para que pudesse dar origem a indivíduos aptos para compor o exército daquela cidade. Por isso, era comum que essas mulheres se dedicassem à disputa de jogos e outros tipos de atividade esportiva. Além disso, as espartanas tinham o direito de possuir e administrar bens, chegando a controlar dois quintos da terra. O Estado se preocupava com sua educação: desde pequenas, elas aprendiam a ler, escrever, tocar música e dançar. Elas também recebiam treinamento físico, praticavam esportes e participavam de competições. A força física era uma das questões de maior relevância em Esparta, e, no caso das mulheres, o treinamento as tornava mais flexíveis e resistentes à dor do parto.

Além disso, as espartanas se casavam um pouco mais tarde que as outras mulheres da época (entre os 18 e 20 anos). Antes do matrimônio, elas podiam usar os cabelos longos e soltos e vestir túnicas relativamente curtas, que deixavam seus músculos expostos. Uma vez que se casavam, seus cabelos eram cortados para a noite de núpcias e elas deviam estar, a partir de então, com a cabeça coberta. Também podiam se divorciar sem perder, com isso, sua riqueza nem os direitos sobre seus filhos.

A principal razão que parece estabelecer uma situação tão diferente entre as espartanas e as outras mulheres dessa época é que os homens de Esparta estavam tão ocupados com o exército que eram elas as responsáveis pela agricultura, logística, economia e manutenção do lar. Sua função mais importante (assim como a guerra para o homem) era a procriação. A espartana tinha a tarefa de parir e criar guerreiros fortes e corajosos, capazes de darem suas vidas pelo bem de Esparta. Qualquer mulher que morresse durante o parto era considerada honrosamente uma heroína.

O papel das mulheres no mundo antigo

As mulheres nesta época ficavam em casa, e a sua exposição pública nos eventos atléticos, seja como atletas, seja como espectadoras, era proibida e poderia ser sentenciada à morte por simplesmente assistir homens competindo. Na Grécia antiga, as mulheres criaram seus próprios jogos em honra de Hera, a esposa de Zeus. As mulheres espartanas eram efetivamente encorajadas a manterem-se saudáveis (através da prática física).

As primeiras tentativas de inclusão das mulheres dentro dos jogos

Nos jogos antigos uma mulher se disfarçou de treinador para ver seu filho triunfar na competição do boxe, embora os oficiais a tenham poupado (em vez de jogá-la do penhasco) por que ela era filha do famoso boxeador Diágoras.

Nas olimpíadas modernas, nenhuma mulher participou oficialmente das primeiras edições, mas houve participações não oficiais de duas atletas: Melpômene e Stamata Revithi.

Em diversas ocasiões, mulheres desafiaram as regras pré estabelecidas e participaram de provas que até então eram exclusivamente masculinas: Maratona de Boston, São Silvestre, entre outras. E foram derrubando o pré conceito de que as mulheres são mais frágeis e não suportariam provas de atletismo mais longas.

A estreia das mulheres brasileiras nos jogos e nos esportes em geral

A história oficial do esporte feminino brasileiro começou com Maria Lenk, filha de imigrantes alemães, que começou a nadar para curar problemas respiratórios. Ela foi a primeira mulher brasileira a disputar uma olimpíada, em 1932, em Los Angeles – USA.

Aída dos Santos foi a única mulher da delegação brasileira nas Olimpíadas de 1964, em Tóquio. Viajou sem técnico, sem tênis, sem uniforme e, mesmo assim, conseguiu um inédito quarto lugar no salto em altura. O resultado foi o melhor das mulheres brasileiras nos Jogos até Jacqueline e Sandra conseguirem a medalha de ouro em 1996, no vôlei de praia. Anos antes da sua conquista histórica, às vésperas dos Jogos de 1972, foi cortada da seleção justamente por ter feito críticas à falta de apoio do comitê olímpico.

Em 1988, a Fifa organizou um torneio experimental na China, e três anos depois, em 1991, foi oficializado a 1º Copa do Mundo de Futebol Feminino, com a participação de 12 seleções -- incluindo o Brasil, único representante da América do Sul, e que caiu logo de cara em um grupo fortíssimo formado por Suécia, Estados Unidos e Japão.

Em 1994, a seleção brasileira de basquete feminino com a presença das três das maiores jogadoras que o mundo já viu, Hortência, Magic Paula e Janeth. Foram ao Campeonato Mundial sem favoritismo ou grandes expectativas. Saíram de lá como campeãs mundiais da modalidade. Uma conquista mais do que histórica para a modalidade.

Em 1996, o esporte feminino conseguiu sua primeira medalha olímpica. Na verdade, foram logo quatro: ouro e prata no vôlei de praia, bronze no basquete e no vôlei de quadra.

O ouro teve o significado ainda mais especial, porque foi conquistado por Jacqueline e Sandra. A primeira enfrentou boicotes do Comitê Olímpico Brasileiro justamente por lutar pelos direitos iguais das mulheres. Ela já havia disputado duas Olimpíadas jogando como levantadora titular nas quadras (1980, em Moscou, e 1984, em Los Angeles), mas após algumas divergências e suspensões, sua carreira tomou outro rumo. A jogadora encabeçou protestos contra a Confederação Brasileira de Vôlei por conta de diferenças salariais e de tratamento entre as duas seleções: os homens recebiam parte do patrocínio que a seleção tinha, enquanto as mulheres somente vestiam a marca sem receber nada. Jackie vestiu a camisa do patrocinador do avesso e acabou punida. 

Em 2012, as mulheres puderam finalmente disputar todas as modalidades olímpicas que os homens disputavam. 

 

Fontes:

https://www.uol.com.br/esporte/reportagens-especiais/como-elas-chegaram-la/#page1

https://atletasnow.com/mulheres-no-esporte-conheca-suas-trajetorias-e-conquistas/

https://www.suapesquisa.com/olimpiadas/olimpiadas_grecia_antiga.htm

https://www.olimpiadatododia.com.br/curiosidades-olimpicas/239491-barao-de-coubertin-criador-dos-jogos-olimpicos/

https://br.historyplay.tv/noticias/livres-e-guerreiras-assim-eram-mulheres-espartanas

https://www.meliuz.com.br/blog/mulheres-esportes/

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