Para inaugurar nosso blog e em comemoração ao mês da mulher,
escolhermos como tema de abertura a trajetória do esporte feminino no mundo até
chegarmos aqui na Bahia. Este tema foi dividido em três partes. Nesta primeira
parte iremos abordar a história da inclusão das mulheres no esporte. A segunda
parte será: Lutas e Heroínas e a terceira parte contaremos sobre: Relação de gênero e
diferença salarial.
Então vamos lá!
Todos os dias, as mulheres no mundo enfrentam algum tipo de
preconceito, enquanto mostram “ao mundo” que são capazes sim de fazer qualquer
coisa, e no esporte isto não é diferente.
Quem aí nunca escutou, “futebol não é coisa de mulher”, ou
“isso é esporte de homem”. E quem acredita que isso é do século passado, estão
enganados, é bem atual ainda. Então, quem ainda acha isso precisa tirar a faixa
do preconceito do olho e jogar no lixo. Porque a cada dia elas estão aí
provando que podem sim fazer qualquer coisa.
A Inclusão das
Mulheres no Esporte
Não podemos contar a história da inclusão das
mulheres no esporte sem primeiro contar um pouco sobre a história do esporte.
No mundo Grego, com exceção de Esparta, as mulheres,
principalmente casada não tinha direito a praticar nem assistir as competições.
Idade antiga
As Olimpíadas Antigas foram uma série de competições
atléticas disputadas por atletas das cidades-estados que formavam a Grécia
Antiga. De acordo com registros analisados por historiadores, os Jogos
Olímpicos surgiram no ano de 776 a.C. na cidade de Olímpia (região sudoeste da
Grécia). Estes jogos foram celebrados até o ano de 393.
Assim como acontece nos dias de hoje, os jogos ocorriam de
quatro em quatro anos. Na época da realização do evento esportivo ocorria uma
trégua nas guerras e conflitos. A conhecida "paz olímpica" servia
para garantir segurança para os atletas que tinham que se deslocar de suas cidades-estados
até Olímpia considerada sagrada. O local, inicialmente, tinha templos dedicados
a Hera e, mais tarde, também a Zeus, a maior divindade da Grécia Antiga.
Nesta época os atletas disputavam várias modalidades como, por exemplo, arremesso de disco, corrida, natação, pentatlo,
boxe, luta, salto à distância entre outros.
Eram proibidos de competir os estrangeiros, chamados de
bárbaros, os escravos e as mulheres.
A volta dos Jogos
Em 1896, os Jogos ressurgiram, graças aos esforços de um
jovem aristocrata francês Pierre de Frédy (1863-1937), conhecido também
como Barão de Coubertin. Ele foi responsável por resgatar e reabilitar as
Olimpíadas na contemporaneidade colocando no papel os ideais do Olimpismo como
um estilo de vida associado ao esporte, à cultura e à educação. Apesar disso,
não via com bons olhos a presença de esportes coletivos na programação e era
contra a participação de mulheres como atletas nas competições.
A primeira vez que as mulheres foram aceitas como atletas nos
Jogos Olímpicos foi em Paris -1900, e em apenas duas modalidades: tênis e golfe.
Foi um desgosto para o Barão de Coubertin, que era contra a presença delas e
disse uma frase que ficou famosa: “É indecente ver mulheres torcendo-se no
exercício físico do esporte”.
Apesar de ser contra a participação de mulheres, o Barão de
Coubertin via com bons olhos a integração racial que poderia ser provocada
pelos Jogos Olímpicos. Em Saint Louis, pela primeira vez, negros
participaram da Olimpíada.
As Espartanas
Talvez as primeiras esportistas femininas no mundo tenha
sido as mulheres espartanas.
Os espartanos acreditavam que a mulher deveria ser
fisicamente preparada para que pudesse dar origem a indivíduos aptos para
compor o exército daquela cidade. Por isso, era comum que essas mulheres se
dedicassem à disputa de jogos e outros tipos de atividade esportiva. Além
disso, as espartanas tinham o direito de possuir e administrar bens, chegando a
controlar dois quintos da terra. O Estado se preocupava com sua educação: desde
pequenas, elas aprendiam a ler, escrever, tocar música e dançar. Elas também
recebiam treinamento físico, praticavam esportes e participavam de competições.
A força física era uma das questões de maior relevância em Esparta, e, no caso
das mulheres, o treinamento as tornava mais flexíveis e resistentes à dor do
parto.
O papel das mulheres no
mundo antigo
As mulheres nesta época ficavam em casa, e a sua exposição
pública nos eventos atléticos, seja como atletas, seja como espectadoras, era proibida
e poderia ser sentenciada à morte por simplesmente assistir homens competindo. Na
Grécia antiga, as mulheres criaram seus próprios jogos em honra de Hera, a
esposa de Zeus. As mulheres espartanas eram efetivamente encorajadas a
manterem-se saudáveis (através da prática física).
As primeiras tentativas
de inclusão das mulheres dentro dos jogos
Nos jogos antigos uma mulher se disfarçou de treinador para
ver seu filho triunfar na competição do boxe, embora os oficiais a tenham
poupado (em vez de jogá-la do penhasco) por que ela era filha do famoso
boxeador Diágoras.
Nas olimpíadas modernas, nenhuma mulher participou
oficialmente das primeiras edições, mas houve participações não oficiais de
duas atletas: Melpômene e Stamata Revithi.
Em diversas ocasiões, mulheres desafiaram as regras pré estabelecidas
e participaram de provas que até então eram exclusivamente masculinas: Maratona
de Boston, São Silvestre, entre outras. E foram derrubando o pré conceito de
que as mulheres são mais frágeis e não suportariam provas de atletismo mais
longas.
A estreia das
mulheres brasileiras nos jogos e nos esportes em geral
A história oficial do esporte feminino brasileiro começou
com Maria Lenk, filha de imigrantes alemães, que começou a nadar para curar
problemas respiratórios. Ela foi a primeira mulher brasileira a disputar uma olimpíada,
em 1932, em Los Angeles – USA.
Aída dos Santos foi a única mulher da delegação
brasileira nas Olimpíadas de 1964, em Tóquio. Viajou sem técnico, sem tênis, sem
uniforme e, mesmo assim, conseguiu um inédito quarto lugar no salto em altura.
O resultado foi o melhor das mulheres brasileiras nos Jogos até Jacqueline e
Sandra conseguirem a medalha de ouro em 1996, no vôlei de praia. Anos antes da sua
conquista histórica, às vésperas dos Jogos de 1972, foi cortada da seleção
justamente por ter feito críticas à falta de apoio do comitê olímpico.
Em 1988, a Fifa organizou um torneio experimental na China,
e três anos depois, em 1991, foi oficializado a 1º Copa do Mundo de
Futebol Feminino, com a participação de 12 seleções -- incluindo o
Brasil, único representante da América do Sul, e que caiu logo de
cara em um grupo fortíssimo formado por Suécia, Estados Unidos e Japão.
Em 1994, a seleção brasileira de basquete feminino com a
presença das três das maiores jogadoras que o mundo já viu, Hortência, Magic
Paula e Janeth. Foram ao Campeonato Mundial sem favoritismo ou grandes
expectativas. Saíram de lá como campeãs mundiais da modalidade. Uma conquista
mais do que histórica para a modalidade.
Em 1996, o esporte feminino conseguiu sua primeira medalha
olímpica. Na verdade, foram logo quatro: ouro e prata no vôlei de praia, bronze
no basquete e no vôlei de quadra.
O ouro teve o significado ainda mais especial, porque foi
conquistado por Jacqueline e Sandra. A primeira enfrentou boicotes do Comitê
Olímpico Brasileiro justamente por lutar pelos direitos iguais das mulheres. Ela
já havia disputado duas Olimpíadas jogando como levantadora titular nas quadras
(1980, em Moscou, e 1984, em Los Angeles), mas após algumas divergências e
suspensões, sua carreira tomou outro rumo. A jogadora encabeçou protestos
contra a Confederação Brasileira de Vôlei por conta de diferenças salariais e
de tratamento entre as duas seleções: os homens recebiam parte do patrocínio
que a seleção tinha, enquanto as mulheres somente vestiam a marca sem
receber nada. Jackie vestiu a camisa do patrocinador do avesso e acabou
punida.
Em 2012, as mulheres puderam finalmente disputar todas as
modalidades olímpicas que os homens disputavam.
Fontes:
https://www.uol.com.br/esporte/reportagens-especiais/como-elas-chegaram-la/#page1
https://atletasnow.com/mulheres-no-esporte-conheca-suas-trajetorias-e-conquistas/
https://www.suapesquisa.com/olimpiadas/olimpiadas_grecia_antiga.htm
https://br.historyplay.tv/noticias/livres-e-guerreiras-assim-eram-mulheres-espartanas
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